quarta-feira, 7 de julho de 2010

No Espaço do Trabalho Discursivo, Alternativas


Simiana Rebouças
Professora Supervisora do Pibid Uesb
Colégio Luiz Viana Filho

Maria Luiza Carôso
Professora Supervisora do Pibid Uesb
Instituto de Educação Regis Pacheco


GERALDI, João Wanderley. Portos de Passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1992.


Geraldi inicia o capítulo, citando o processo de democratização do Brasil como um bem, pois antes, camadas marginalizadas da população, não tinham acesso as escolas. Ele afirma que antigamente os professores eram uma elite cultural e os alunos elite social, contudo, Gerald neste mesmo item, ressalva os prejuízos que esta democratização do ensino trouxe para a educação, dentre eles a superlotação de salas, instalação e funcionamento inadequados de prédios escolares e ainda a formação precária dos professores que eram formados em cursos rápidos e com pouco embasamento teórico, segundo ele esta política educacional resultou em problemas que afetaram a qualidade do Ensino.
Ainda hoje convivemos com os mesmos problemas, a política de educação para todos tem ampliado o número de vagas, mas não tem oferecido proporcionalmente em qualidade, requisitos que se precisa para ter uma educação inclusiva, mas com qualidade. Professores continuam com formação em cursos rápidos e com pouco embasamento teórico, escolas com problemas em suas estruturas funcionais, até o Ensino Superior tem mostrado evidências de sua fragilidade. O resultado tem sido os baixos índices nos indicadores educacionais e as frequentes queixas dos profissionais em educação, dentre outros setores da sociedade.
Outro aspecto citado por Geraldi, como problema detectado no processo de Ensino são os livros didáticos que foram lançados como ferramentas de auxílio para sanar o despreparo dos professores, um manual de regras que serviria de ajuda e se tornou uma armadilha neste mesmo processo. Os professores priorizavam o ensino da síntese, das definições prontas e de forma irracional. Para Geraldi, o ensino deve privilegiar o raciocínio em detrimento dos conceitos abstratos, ele complementa que devemos respeitar e considerar a gramática natural que cada aluno traz consigo, segundo ele é exercendo a linguagem que o aluno vai deduzir ele mesmo a teoria de suas leis. Para Geraldi, o importante é conhecer a língua, somente depois então, se deve analisá-la, como etapa posterior.
No tópico 3.2., Wanderley Geraldi trata da produção textual. Segundo ele, um assunto bem complexo dentro da escola. Para Geraldi a produção de textos orais e escritos constitui o ponto mais importante no processo do ensino da língua portuguesa. Para o autor, é no texto que a língua se revela em sua totalidade e onde o locutor e o interlocutor estabelecem a comunicação. Ainda neste tópico Geraldi expõe aspectos que, segundo ele, marginalizam a língua, a pesada herança dos estudos clássicos e das línguas mortas – Latim e Grego – que no passado deveriam ser dominadas como a arte do bem falar. Para ele o aluno não se interessa mais por isto quando sai da escola, visto que não entende o sentido de estudar coisas que não fazem sentido para ele. Para o autor, é preciso que o ensino se dê em terra firme, com inserção das atividades linguísticas dos sujeitos historicamente situados no processo, como objeto de ação do ensino da língua materna. Ainda para o autor, há uma diferença entre textos e redação, na redação o aluno escreve para a escola, e nos textos ele escreve mais espontaneamente.
Para Geraldi, o fundamental no texto é que o aluno tenha o que dizer, tenha uma razão para dizer o que quer dizer, tenha a quem dizer o que quer dizer e por fim tenha um locutor, se o professor consegue identificar estes aspectos, deve retornar o texto ao aluno considerando os aspectos da comunicação e depois tratar da normatização da língua.
No tópico 3.2.2., o autor trata da leitura de textos. Para ele, o texto é o produto que se oferece ao leitor, uma vez que é nele que se realiza a leitura num processo dialógico, cuja trama toma as pontas do fio do bordado. O encontro destes fios é que produz a cadeia de sentidos do texto. Ele ainda mostra a perigosa entrada dos textos em sala de aula, primeiro Para que se lê o que se lê, ele defende neste tópico a legitimidade da leitura. O interesse imediato que o aluno deve ter para ler um texto, segundo ele os livros didáticos muitas vezes trazem textos que não são da vivência e realidade dos alunos, então a aluno lê para atender uma legitimidade social, sem nenhum envolvimento no processo educativo, ele recorre muitas vezes as perguntas antes mesmo de ler o texto, numa tentativa de que isso faça sentido pra ele. Gerald também ressalta quatro tipos de relação que o leitor pode estabelecer com o texto.
1- Pode-se ler o texto para ir em busca de resposta para perguntas que tenho: leitura de busca de informação
2- Pode-se ir ao texto para escutá-lo, ouvi-lo: leitura de estudo do texto.
3- Pode-se ir ao texto para usá-lo na produção de outros textos: leitura de pretexto.
4- Pode-se ir ao texto sem perguntas nem questões: leitura de fruição.
Para o autor a entrada dos textos na sala de aula, deve ter razoes efetiva e devem estar cristalizadas em modelos fora da realidade dos alunos. No tópico 3.2.2.2., Wanderley Geraldi trata do texto e das estratégias do dizer. Ele cita Osakabe (1982) para advertir sobre o atual processo de escolarização e da hipertrofia da escrita, a fixidez e sua tendência monológica. Conforme ele, outros tópicos devem ser levados em conta para compreensão do texto, o movimento da produção e leitura, deve se começar da produção para leitura e não do inverso, portanto leitura como produção de sentido.
No último tópico, o autor trata da análise linguística, para ele uma atividade complexa. Para tanto, o autor propõe alternativas a fim de facilitar o trabalho com língua portuguesa em sala de aula nas seguintes perspectivas: primeiro levantar problemas de ordem estrutural, depois problema de ordem sintática, em seguida os de ordem morfológicas e, por último, os de questões fonológicas.
Nos discursos de comunicação, segundo Geraldi, podemos identificar três relações intersubjetivas básicas:
1. Relação persuasiva;
2. Relação epistêmica;
3. Relação fiduciária.
O autor ainda considera as operações na arte de representar o mundo, considerando as seguintes: operações de inscrição de um objeto numa forma deverbal, operações de determinação, de condensação, de simbolismo, de explicitação, de explicitações de forças ilocucionárias, operações de inclusão de fala de terceiros, operações de salvaguarda, operação de vocalização ou lexicalização de atitudes, operações metadiscursivas, operações de exemplificação e por fim operação de ambiguização.
O livro Portos de Passagem deve ser lido por um público amplo, desde professor de língua portuguesa, do ensino fundamental e médio, até alunos e professores dos cursos de graduação e pós-graduação nas diversas universidades.







6 comentários:

  1. Simiana e Maria Luiza, que texto conciso e explicativo. Além disso, adorei o título! Nosso trabalho será um sucesso, já estou pressentindo.
    abraço
    Adriana

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  2. Gostei da resenha...
    O blog está maravilhoso, já sou seguidora!

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  3. Amei o blog e a resenha ficou muito boa mesmo. Parabéns galera

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  4. Esta resenha é um exemplo claro de leitura de pretexto ou seja, devemos usar as informões nele contidas como referência, embasamento teórico na produção dos nossos futuros textos...

    excelente!!!

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  5. Pibideiras, Pró Simiana e Maria Luiza,
    vocês são exemplos de educadoras compromissadas!
    Parabéns!
    Um forte abraço

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  6. Muito boa as resenhas pibideiras, é isto ai colegas só através das leituras dos teórico poderemos desenvolver habilidades de pesquisador, podendo assim testar as hipoteses teóricas estudadas com a realidade observadas.

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