quarta-feira, 8 de junho de 2011

# SOBRE AVALIAÇÃO

Repetir simplesmente, fazer muitas tarefas, não é suficiente para a compreensão do educando. É necessária a tomada de consciência sobre o que se executa(...) Ou seja, compreender não significa repetir ou memorizar, mas descobrir as razões das coisas, numa compreensão progressiva nas noções(HOFFMANN)

Baseada em Piaget esse conceito de compreensão definido por Jussara Hoffmann ajuda-nos a entender o porquê de muitos falantes do português,após oito anos de escola,sairem com a impressão de não saber Português. Certamente o método ao qual foram submetidos para a aprendizagem da língua materna ainda não oportuniza a tomada de consciência sobre o objeto língua, pois como nos orienta Perini:
Nas aulas de gramática, somos convidados a aprender, e muitas vezes decorar resultados, não se cogita do método que levou à obtenção desses resultados(...) O professor nunca precisa justificar a análise que ensina, tem apenas que reproduzi-la. (...) Não é e de se espantar que os alunos( e os professores, que também são vítimas do sistema) não saibam gramática.

Sem uma perspectiva cientifica em relação à modalidade padrão da língua(sua gramática) não se estuda , descreve e explica os fatos da língua, logo não se aprende. O que recebemos são prescrições de uso a serem memorizadas. E desse modo, quando memorizamos, passamos no teste de múltipla escolha, mas não utilizamos como recursos linguisticos na nossa produção textual. Desse modo, não aplicamos/usamos a gramática da lingua quando mais deveríamos: em situações de escrita formal.

Exigir que nossa aluno tenha boa memória para listas classificatórias das palavras e das orações não garante que ele de fato compreenda sua própria lingua materna.Desse modo, as avaliações(provas, trabalhos e testes) revelam nosso conceito de língua e o que consideramos fundamental no ensino dessa disciplina.

Movidos por essas idéias cabe uma auto-análise: temos corrigido ou avaliado nossos alunos?

por: Adriana Barbosa

Referências bibliográficas:
Grama'tica do Portugues Brasileiro - PERINI
Avaliação. Mito & Desafio - HOFFMANN

sábado, 4 de junho de 2011

"O que é ensinar Língua Portuguesa?"



Mudança para o Ensino da Língua Portuguesa

Compreender, praticar e produzir

Na entrevista de seleção do PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, me deparei com uma pergunta, até então nunca feita à mim, nem mesmo por meus queridos professores das disciplinas de Língua Portuguesa do curso de Letras da UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus de Jequié. A pergunta feita foi: “O que é ensinar Língua Portuguesa?”. Desde aquele dia este questionamento me acompanha como também segue todos os discentes selecionados no programa.

Tentando buscar a resposta à esta pergunta, que passou a perturbar a nossa mente, retomamos algumas leituras e descobrimos outras, dentre elas temos nos deleitado nas propostas da discussão sobre a língua feita por Marcos Bagno, Mário Perini, Travaglia, Geraldi e Kato. Com estes estudos parece que estamos desvendando a questão. Consideramos que ensinar Língua Portuguesa é ensinar a ler e a escrever, ou seja, despertar no sujeito a competência comunicativa através de textos orais e escritos. Podemos dizer que o ensino da língua deve ser voltado a dois objetivos usar a língua e saber a respeito dela.

A polêmica surgida em nosso país mês passado, em torno da introdução da discussão da variedade lingüística em um capítulo do livro didático editado pelo MEC, é a prova de que o objetivo do ensino da Língua Portuguesa ainda não foi compreendido na nossa sociedade, pelo menos como propõe Geraldi e o PIBID. Marcos Bagno deixou isso claro no programa Observatório da imprensa da TV Brasil, em que se discutiu a questão polêmica do livro, quando ele repetiu indiretamente a pergunta que nos acompanha e confessou que há no nosso país um desconhecimento do que seja ensinar o português.

Confundir o ensino da gramática com o ensino da língua é uma prática que tem sido repetida há anos e é por isso que ainda surgem polêmicas como estas. Perini vai dizer que “a gramática diz como a língua deveria ser e não como a língua é de fato”, por isso é inadmissível para os gramatiqueiros aceitar que um livro de português mostre a língua como ela é. E se um simples capítulo que aborda sobre a variedade linguística causa tanto medo, ameaça e equívocos, compreendemos que mais do que nunca devemos continuar repensando o ensino da língua no nosso país, pois ele não anda tão bem.

Considero a atuação do PIBID no Instituto de Educação Régis Pacheco – IERP, como uma forma de repensar o ensino da língua. Isto se dá através das oficinas, oferecidas aos alunos da 2ª série do Ensino Médio, que tentam colocar em prática o uso da língua e o conhecimento da mesma através da construção de textos orais e escritos. Assim, tentamos desmistificar o conceito de que estudar língua é estudar gramática. Nossa proposta é o uso da gramática a serviço do texto.

Começamos a receber os textos escritos, dos alunos e agora mais uma pergunta surge para nos atormentar: como avaliá-los? Ainda não temos a resposta. Mas, o que sabemos por enquanto, é o que não devemos fazer com estes textos. Com toda certeza grifar os erros ortográficos e de concordância não é nossa proposta, pois esta prática simplesmente reafirma o que o professor de português não deve ser, caçador de “erros”, pois a sua prática deve se identificar muito mais com o exercício da pesquisa do que com a dinâmica de “erros e acertos” tão enfatizados nas aulas de Língua Portuguesa e reforçados por setores preconceituosos da sociedade.

Para se realizar um trabalho como este é necessário antes de mudar a prática, mudar a compreensão do objetivo do ensino da língua. Acredito que este é um passo para que os alunos comecem a compreendê-la como um objeto de pesquisa e comecem a perceber a sua função social. Talvez no Brasil, seja necessário mudar a compreensão (como fizemos), a prática (como estamos fazendo) e depois propor o material didático (como pretendemos).


Glauce Souza Santos (Pibideira do Subprojeto: A formação do professor de Língua Portuguesa. UESB)


Reportagem mostrada pela rede Globo sobre a livro didático: http://www.youtube.com/watch?v=lg-nl-2a7tU
Debate com Marcos Bagno no programa Observatório da imprensa da TV Brasil: http://www.youtube.com/watch?v=M4367cC9Cjo